quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tolerância

Muitas vezes as pessoas me perguntam sobre minha interpretação à passagem de São Mateus (5:39), onde o Cristo afirma: "Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra" e se tal afirmação não seria antes uma ode à passividade e à fraqueza da alma, justificando assim vários abusos cometidos dos mais ricos e influentes sobre os mais pobres e humildes.

A resposta, inegavelmente, deveria ser SIM! Muitas vezes ao longo de nossa história, vários foram aqueles que se esconderam atrás de seus títulos, honras, batinas e bíblias para fazer valer sua vontade sobre as pessoas mais carentes e necessitadas. Todas as vezes, no entanto, que os abusos se tornavam insuportáveis e os usurpados esboçavam alguma reação, tal mensagem era gritada aos quatro ventos na busca por refrear as vontades dos insurgentes.

Mas, será mesmo que foi isso que Jesus quis nos dizer ao pedir que não nos voltássemos contra o mal?! Evidentemente que não! Sua mensagem de amor e paz seria, de outra maneira, manchada por um apelo tão descabido.

Olhemos, no entanto, esta mesma mensagem pelo seguinte prisma: Compreenda a natureza do mal, saiba que, ao lidar com ele, será mal que tu receberás; se assim for, saiba ser paciente com esta natureza e lide com ela pelo prisma da tolerância. Para melhor entendermos o que Cristo nos diz, importante é ler o capítulo quinto por completo. Ele é uma verdadeira aula sobre a tolerância.

Em primeiro lugar, é nele que encontramos o Sermão da Montanha, uma verdadeira ode ao entendimento que a paz - o Reino dos Céus - não reside nos espíritos dos que batem, roubam, espoliam, humilham... mas nos que agem com boa-vontade, recebendo o título do Salvador de "sal da terra" e "luz do mundo" e ainda nos manda: "Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens".

Em segundo lugar, também é nele (5: 23,26) em que Jesus chama a todos ao entendimento e ao perdão antes mesmo de se dirigir a Deus diante do altar; é nele onde Cristo afirma que o adultério é pernicioso e gera apenas a infelicidade.

Mas é logo em seguida que Jesus começa a demonstrar que o sentido de tolerância e justiça são elementos centrais em toda sua doutrina; que a palavra empenhada (se sim, sim; se não, não - (5:37) deve ser levada a termo; que é ato do injusto e do mau todo a relativização de tal princípio. Eis de onde nasce todo o discurso seguinte que nos serve de análise.

Tolerar, portanto, não é baixar a cabeça ao ato mau e injusto, sujeitando-se a ele eternamente; mas, antes, ser capaz de verificar a natureza da injustiça e dela se afastar o quanto antes para que nosso próprio sentido de justiça não se torne vingança.

Saibamos reconhecer o mal e saber, principalmente, separar o que é mau daquilo que é bom. Saibamos entender que o agir do mau é fruto de sua má interpretação das coisas do mundo e fonte de toda sua tristeza; afastemo-nos dele o quanto antes, mesmo que às custas de deixarmos com ele algum bem nosso porque, enfim, encontraremos que nos dê apoio de abrigo.

Fiquem na Paz de Deus, em nome do Pai, do Filho  e do Espírito Santo +

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