segunda-feira, 15 de abril de 2013

O Pecado

Um dia desses, saindo da igreja, ouvi duas mocinhas discutindo se determinado comportamento seria pecado de alguma maneira... e fiquei me lembrando das minhas primeiras leituras teológicas acerca do tema... e já se vão alguns bons anos desde então.

No Velho Testamento a palavra "pecado" pode ser entendida como tradução da expressão "não atingir a marca", que por sua vez diz que o pecador não atinge o grau de perfeição divina, ou como nos fala Paulo em sua carta aos Romanos, "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos, 3:23). Não pecar portanto é uma grandeza ideal e, como tal, inatingível para seres humanos, assim como o Estado ideal, a economia ideal, a sociedade ideal, a legislação ideal... para todas estas grandezas, pois, existe uma medida ideal e um fazer real que busca o ideal, mas que deve saber medir o possível a ser feito a cada dia, como uma construção que se faz tijolo após tijolo.

Para não me delongar demais, vamos observar três tipos de pecado: contra si, contra outra pessoa e, por fim, contra Deus.

O pecando do pecador contra si é o que mais praticamos todos os dias e, muitas vezes, conscientemente. Pecamos contra nós mesmos quando nos maltratamos, quando fechamos os olhos àquilo que sabemos que é o melhor caminho a ser tomado, mas, por comodidade, tomamos "atalhos" que se mostram, mais tarde, caminhos mais tortuosos e espinhentos que o próprio caminho certo; pecamos contra nós mesmos quando atacamos os nossos corpos com substâncias nocivas e venenos que mascaram nossas necessidades emocionais e espirituais por algumas horas, mas que não resolvem nossos problemas; quando mentimos para nós mesmos sobre nossos sentimentos; quando sedemos a impulsos de raiva sem medirmos suas desastrosas consequências; quando colocamos sempre o "eu" acima do "nós" e nunca levamos em contra "o outro"...

O pecado contra o próximo e também muito comum e nos causa tristeza profunda na maior parte das vezes, porque nos cobra a consciência diuturnamente. Pecamos contra o próximo quando deixamos de ajudar alguém quando podemos fazê-lo; quando o julgamos sobre alguma questão que não conhecemos verdadeiramente; quando tratamos suas virtudes sempre menores que seus deméritos; quando aplicamos nossa régua moral para analisarmos suas atitudes...

O pecado contra Deus é uma atividade cada vez mais recorrente em nossos dias. Pecamos contra Deus quando atacamos sua criação. Assim, destruir o meio-ambiente, consumir compulsiva e desnecessariamente,   matar qualquer ser vivo apenas pelo prazer de ver a agonia e a morte, quando alimentamos o ódio inter-racial ou religioso, quando fomentamos a ignorância individual ou coletiva para obtermos vantagens pessoais e, senão o pior, mas evidentemente o mais corriqueiro e baixo de todos deles, quando usamos Seu nome para termos proveitos financeiros.

De uma maneira ou de outra, o pecado é algo que nos acompanha e nos aprisiona, sendo necessária diuturna vigilância contra ele e sobre nossos atos. Se a virtuosidade plena é inimaginável ou sobre-humana, devemos cuidar para que melhoremos nosso caráter e nossas atitudes, passo a passo, dia após dia... não por outros ou por suas opiniões, mas por nós mesmos. Isso me faz lembrar, inclusive, um dos mais profundos ensinamentos que recebi de um dos mais brilhantes e humildes mestres que já tive: "Seja você o ser humano que você gostaria que os outros fossem".

Todo pecado têm origem na ignorância e na maldade dos corações. Dado que ninguém é completamente mau e a maioria das pessoas desejam ser boas, somente nos resta concluir que, mitigada a ignorância, diminuídos também serão os pecados, ou como afirmou o próprio Cristo, "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João, 8:32).

Aliás... se Deus nos perdoa? Sim, desde que seja honesta a nossa vontade de nos arrependermos de nossos erros, de corrigi-los na medida do possível e de não mais errarmos naquilo que já conhecemos o caminho certo.

Tenhamos uma vida plena de amor em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo +

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