quinta-feira, 18 de abril de 2013

Jesus sem milagres?

A partir do Iluminismo, a fé  e as instituições religiosas têm sofrido cada vez mais ataques por uma corrente de pensamento que se autoproclama "humanista", que procura empirismo em cada milímetro do saber humano - inclusive no mais recôndito dos pensamentos metafísicos - e nada escapa ao seu desejo de tudo mensurar, tudo materializar, tudo esquadrinhar.

Obviamente que os avanços da ciência em muito têm contribuído para o bem-estar da humanidade, quer seja no particular quer seja no geral e, evidentemente, o uso da razão aplicada aos eventos cotidianos humanos - seu fazer secular - é muito bem-vindo. Nossa vida contemporânea seria inimaginável sem as facilidades das quais dispomos (somente temos este canal de comunicação porque alguém criou uma máquina capaz de enviar e receber mensagens codificadas que, reorganizadas, recriam a mensagem original); não nos transportamos mais com carroças; nos alimentamos melhor graças à engenharia e o melhoramento genético; dormimos melhor porque nossas camas não são mais de palha e madeira bruta... enfim, negar o valor da ciência é negar a genialidade humana.

No entanto, na ânsia de comprovar tamanha genialidade, muitos se perdem em críticas a setores deste mesmo "fazer humano" que escapam ao controle da ciência e dizem respeito à cada indivíduo em particular, sua intimidade, suas particularidades e crenças. É evidente que, antes disso, os próprios homens de fé também procuraram escamotear o avanço tecnológico e científico dizendo que, se tais descobertas não estavam incluídas ou previstas nesta ou naquela determinada escritura sagrada não podia ser considerado apropriado para o uso das vidas humanas.

De parte a parte, ambos exageraram - muito mesmo! - em suas análises e também em seus preconceitos. Nem a ciência criou a danação completa da humanidade, muito menos a fé das pessoas deixou de ter valor real em suas vidas, mesmo que uma derivada ou a mecânica quântica não sejam capazes de demonstrar a existência de Deus.

Um desses movimentos tenta pôr em xeque todos os milagres de Jesus alegando que nenhum deles pode ser comprovado sob as lentes e crivos da ciência; que nenhum deles têm correlação com qualquer evento natural ou social encontrado da historiografia; que os eventos relatados no Evangelho sequer contam com testemunhos confiáveis ou comprováveis... enfim, que aos olhos da ciência, Jesus pode até mesmo nem ter existido. A resposte que se pode dar a isso tudo é.... TUDO BEM!  Aos olhos da ciência tudo isso está mais do que correto, mas assim como não se pode medir a teoria das cordas pela fé em Tupã, também  o cristianismo não pode ser medido pelos olhos da termodinâmica, do positivismo ou do materialismo histórico!

Mas, mesmo que tiremos de Jesus todos os seus milagres, mesmo que o materializemos ao extremo, mesmo que sua existência seja humanizada ao extremo... seus exemplos ainda sobreviverão, mesmo que deixe de andar sobre as águas, dividir pão e peixe para uma multidão faminta, mesmo que não tenha transformado água em vinho, enchido as redes de Simão Pedro de peixes, secado uma figueira... mesmo assim, demonstrar que todas as crianças merecem carinho, acolhida e respeito; que uma mulher humilde que divide seu pouco dá mais do que ricos que abrem mão do que não precisam apenas para que seus nomes sejam exortados; que a palavra empenhada deve ser mantida; que um sacerdote deve ser humilde em seus trajes e maneiras, levando consolo a quem necessita; que não se mercantiliza a palavra de Deus; que pedir perdão pelos erros cometidos é um ato de extrema grandeza de caráter, ao contrário do que dizia o senso comum da época, revela que sua existência serviu para construir um senso de moral e ética que, antes de qualquer outra, consolidou valores dispersos e criou muito mais que uma religião... criou uma civilização.

Creio que é isso... Cristo não é um milagreiro, mas um civilizador.

Fiquemos na paz de Deus Pai, Filho e Espírito Santo +

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