sábado, 13 de abril de 2013

O que faz um peregrino?

Uma vez uma senhora, amiga de minha família, me confessou que se sentia triste porque sempre havia desejado peregrinar pelos lugares sagrados do cristianismo, mas que as dificuldades financeiras e as demandas familiares sempre a afastaram de seu sonho.

Eu contei a ela que, de fato, visitar lugares como Jerusalém, Santiago de Compostela, Roma e Aparecida deveria ser bastante significativo e que eu, se pudesse, também faria tais viagens, mas perguntei a ela se era isso mesmo que fazia um peregrino... se apenas visitar estes locais sagrados e históricos era a meta do peregrinar.

Ela parece ter tomado um susto. Me olhou no fundo dos olhos e procurou alguma resposta, mas ela não saia... daí eu resolvi ajudá-la.

Peguei o Evangelho de Marcos e li primeiro o capítulo quarto para ela, onde o Cristo conta a parábola do semeador, depois, prossegui com o capítulo sexto, onde mandava seus discípulos irem "de dois em dois e que não levassem nada no caminho, somente um cajado, uma túnica e um par de sandálias, nem alforge, nem pão, nem dinheiro ao cinto" a fim de expulsar os demônios, espalhar a paz e ungir os enfermos (Mc  6: 8-10). E perguntei a ela enfim o que podíamos entender dessas duas passagens.

Logo ela me respondeu: Ora, por essas passagens peregrinar significa ir aonde há  necessitados, sem ostentação, e levar-lhes paz, consolo e bem-estar sempre que possível; também significa que o terreno sagrado é onde fazemos Jesus presente no coração das pessoas necessitadas de calor humano.

Peregrinar, pois, é isso mesmo! É lógico que irmos a lugares sagrados é algo reconfortante, mas sem o devido significado, tal ato não passa de turismo caro e de significância espiritual bastante reduzida... já pelo contrário, ir a lugares onde há verdadeiros necessitados e por eles fazer algo que de fato toque suas vidas e suas almas, isso sim diz respeito à obra do Cristo. Peregrinar é o que dá sentido à vida cristã e o que mais serve para sustentar sua fé, pois cada sorriso, cada agradecimento, cada gesto sincero de felicidade aquece a alma de quem levou o consolo mais ainda do que a de quem recebeu o socorro solicitado.

Lembro-me de ter visto uma vez uma matéria pela TV onde se contava a história de um padre que vive em uma casa bastante modesta no interior do nordeste brasileiro, mas que, graças à boa vontade dos fiéis, consegue tocar uma obra gigantesca e que atende a milhares de necessitados anualmente; da mesma maneira, lembro-me de ter visitado por diversas vezes o lar de uma senhora que vive nos arredores de Brasília-DF e que abriga cerca de cem crianças desamparadas, dando-lhes afeto maternal. Interessante é notar a similaridade de suas vestes, a despeito da distância e de nunca terem se visto pessoalmente: como calçado um par de sandálias e como ornamento uma cruz de madeira ao peito.

Fiquemos todos em Paz, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo +

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