sábado, 11 de maio de 2013

Vida Simples, Vida Feliz



Desde meus dezesseis anos eu vivo em uma metrópole. Saí do interior do Mato Grosso para estudar e, mesmo morando em Brasília-DF, aos finais de semana fugia para a casa de meus avós que, naquela época, moravam no povoado de São Gabriel, distante oitenta quilômetros da principal rodoviária da capital brasileira.

Tanto da cidadezinha da qual eu saí, Lucas do Rio Verde-MT, quanto São Gabriel-GO a despeito de suas atuais e gigantescas diferenças, têm também suas peculiaridades... naquela época (início dos anos 90) eram ambas cidades pequenas, onde o tempo parece correr segundo um ritmo próprio, diferente daquela freneticidade comum nas cidades grandes. No interior, ao contrário, o caminhar, o falar, o vento, o céu, a chuva e os dias sempre têm mais tempo... e têm mais tempo porque andam a pé, quando muito a cavalo ou de bicicleta. No interior, para velocidade, usa-se uma motocicleta de baixas cilindradas. Qualquer coisa além disso é tomada como exagero, coisa desmedida ou até mesmo loucura.

Quando cheguei a Brasília tomei um susto! Todos precisam correr muito, trabalhar mais, ganhar mais e dormir menos para consumir mais... para comprar milhões de coisas e de pequenos prazeres que, em grande parte dos casos, de tão efêmeros, sequer poderiam ganhar o título de descartáveis. É como se todas as pessoas entrassem em um torpor consumista desenfreado que se realiza na auto-sabotagem, na auto-destruição, na auto-desconstrução e chega triunfante a... lugar nenhum.

Nas cidades pequenas do interior, seja aqui no Brasil, nos Estados Unidos, na Suécia, na Polônia ou nos mais profundos confins da Russia, as pessoas levam uma vida simples que, distante da miséria dos séculos anteriores, torna-se cada vez mais auto-sustentável e confortável sem descuidar de princípios básicos cultivados com muito cuidado. Os "caipiras" de hoje usam internet, aprendem línguas estrangeiras, vão à faculdade... e não têm que gastar parte do salário comprando ansiolíticos ou pagando analistas; seus supermercados oferecem o que lhes é necessário à vida, não o que os publicitários dizem ser "fundamental" ou "indispensável", "fórmula do sucesso" ou "felicidade instantânea".

Tanto isso é verdade que uma considerável parcela de grandes executivos da maior cidade do hemisfério sul-ocidental: São Paulo, afirma com franqueza e convicção que trocaria o salário e os confortos oferecidos por suas corporações por empregos em cidades menores. Para eles, os helicópteros e os carros blindados poderiam muito bem ceder lugar à bicicleta; as agendas superlotadas às horas marcadas durante o passeio do fim da tarde; o medo do assalto no semáforo pela tranquilidade do chá ao pôr-do-sol...



A felicidade das pessoas do interior reside dentro de si e no sorriso de seus familiares, na cordialidade dos conhecidos, na alegria dos encontros após a missa de domingo, no almoço ao redor da mesa cheia e na noite cheia de estrelas; no supermercado encontram-se coisas que não podem ser produzidas nas hortas locais... jamais felicidade ou qualquer substituto genérico... isso é coisa de "gente de cidade grande".

Fiquemos na paz de Deus Pai, Filho e Espírito Santo +

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