segunda-feira, 17 de junho de 2013

Os Efeitos Nefastos da Intolerância e do Puritanismo Ideológico Para a Unidade da Igreja

Ícone de Pentecostes


Recentemente tenho observado alguns eventos entre grupos religiosos que se afirmam cristãos que vem me preocupando... os sentimentos de segregação, apartação e repulsa vêm se traduzindo em uma tendência gigantesca e grotesca de intolerância.

Uma coisa deve ser historicamente entendida: antes de Constantino os cristãos eram perseguidos pelas religiões tradicionais que existiam em Roma, notadamente a fé pagã estatal; com Constantino o cristianismo foi declarado legítimo e as perseguições sessaram. As igrejas prosperaram em todo o império, no oriente e ocidente.

Com Teodósio I, o Espanhol,  o cristianismo passou de intolerado a intolerante, perseguindo todas as demais religiões pagãs, declarando-as ilegais e perseguindo seus sacerdotes e fechando seus templos. Sua política de implantação do cristianismo como fé única do império criou a primeira onda de intolerância religiosa promovida a partir do cristianismo institucionalizado da História.

Imperador Teodósio I, o Espanhol

Com o passar do tempo, este sentimento apenas aprofundou em alguns setores da Igreja. As investidas "puritanistas" passaram a criar e interpretar muitos dogmas que afastaram aos poucos estes setores da própria Luz do Evangelho, desvinculando estes segmentos dos ensinamentos de tolerância e amor ao próximo tão enfatizados pelo próprio Cristo em suas parábolas e seus sermões.

Tal medida criou sérios problemas ao longo dos séculos para a unidade do cristianismo proclamado no primeiro Consílio de Nicéia e confirmado no Consílio de Constantinopla. Nele, todos os cristãos declaram crer em uma Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Jesus Cristo.

O primeiro problema institucional foi criado já no Consílio da Calcedônia, onde a Igreja de Alexandria se separou da Pentarquia original da Igreja, iniciando assim o processo que culminaria no grande sisma de 1054, quando a Igreja de Roma abandonou o Consílio Ecumênico e formou assim uma fenda dentro da Igreja que já dura quase um milênio.

A luta do purismo fideísta contra qualquer opinião ou prática que se afastasse de seus ditames e seus dogmas talvez tenha conseguido seu capítulo mais vergonhoso durante os anos da Inquisição, onde "hereges" foram denunciados aos milhares e membros de outros credos foram obrigados a se confessarem cristãos para, em seguida, serem julgados como "cristãos hereges". Foi a institucionalização e a canonização da intolerância.

Bandeira institucional do Tribunal do Santo Ofício, conhecido como a Santa Inqusição

 Alguns séculos depois foi o movimento protestante que criou, no ocidente, mais um sisma dentro da fé cristã. Mais uma vez foram os dogmas e os interesses institucionais que se sobrepujaram ao Evangelho... uma vez mais interesses mundanos demoliram a unidade; uma vez mais a intolerância voltou a figurar nos discursos, nos sermões e nas homilias dentro dos templos... homens que afirmavam espalhar o amor de Cristo pela Terra gritavam o ódio contra outras pessoas que liam a mesma mensagem de tolerância, sem ser no entanto entendida, muito menos praticada.

A partir de então cada segmento desta Igreja que deveria ser Una se afirma o segmento mais puro e condena os demais segmentos; a partir de então o estudo da Bíblia se tornou cada vez mais superficial e o valor dado aos ensinamentos do Cristo cada vez menor; substituíram o entendimento pela soberba e o amor ao próximo pelo orgulho... a simplicidade foi substituída pelo brilho do ouro, dos carros importados e pelo brocado luxuoso; as obras caritativas foram suplantadas por uma prática de fé cega, surda e barulhenta e o olhar para o outro ganhou tons mais de julgamento, de "caça às bruxas" do que um ato de reconhecimento a outra criatura de Deus.

O ecumenismo por tantos desejado, assim, é mais um discurso de polidez mundana pouco comprometido com atitudes reais e sólidas em favor da reunião, da religação, da religião cristão universal... da religião realmente católica conforme sua gênese. O ecumenismo, assim, somente será possível quando calarem a soberba, o nobiliarquismo, o orgulho, a ignorância, o discurso vazio, a falsa modéstia, a pseudo-humildade... e o puritanismo intolerante que cria grupos, tribos, clãs, fronteiras, barreiras, muros e encastelamentos entre pessoas que afirmam seguir para o mesmo destino segundo as mesmas leis que, infelizmente - por muitos - já foram esquecidas há um longo tempo.

Fiquemos com a paz de Deus Pai, Filho e Espírito Santo +

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