Eu contei a ela que, de fato, visitar lugares como Jerusalém, Santiago de Compostela, Roma e Aparecida deveria ser bastante significativo e que eu, se pudesse, também faria tais viagens, mas perguntei a ela se era isso mesmo que fazia um peregrino... se apenas visitar estes locais sagrados e históricos era a meta do peregrinar.
Ela parece ter tomado um susto. Me olhou no fundo dos olhos e procurou alguma resposta, mas ela não saia... daí eu resolvi ajudá-la.
Peguei o Evangelho de Marcos e li primeiro o capítulo quarto para ela, onde o Cristo conta a parábola do semeador, depois, prossegui com o capítulo sexto, onde mandava seus discípulos irem "de dois em dois e que não levassem nada no caminho, somente um cajado, uma túnica e um par de sandálias, nem alforge, nem pão, nem dinheiro ao cinto" a fim de expulsar os demônios, espalhar a paz e ungir os enfermos (Mc 6: 8-10). E perguntei a ela enfim o que podíamos entender dessas duas passagens.
Logo ela me respondeu: Ora, por essas passagens peregrinar significa ir aonde há necessitados, sem ostentação, e levar-lhes paz, consolo e bem-estar sempre que possível; também significa que o terreno sagrado é onde fazemos Jesus presente no coração das pessoas necessitadas de calor humano.
Peregrinar, pois, é isso mesmo! É lógico que irmos a lugares sagrados é algo reconfortante, mas sem o devido significado, tal ato não passa de turismo caro e de significância espiritual bastante reduzida... já pelo contrário, ir a lugares onde há verdadeiros necessitados e por eles fazer algo que de fato toque suas vidas e suas almas, isso sim diz respeito à obra do Cristo. Peregrinar é o que dá sentido à vida cristã e o que mais serve para sustentar sua fé, pois cada sorriso, cada agradecimento, cada gesto sincero de felicidade aquece a alma de quem levou o consolo mais ainda do que a de quem recebeu o socorro solicitado.
Lembro-me de ter visto uma vez uma matéria pela TV onde se contava a história de um padre que vive em uma casa bastante modesta no interior do nordeste brasileiro, mas que, graças à boa vontade dos fiéis, consegue tocar uma obra gigantesca e que atende a milhares de necessitados anualmente; da mesma maneira, lembro-me de ter visitado por diversas vezes o lar de uma senhora que vive nos arredores de Brasília-DF e que abriga cerca de cem crianças desamparadas, dando-lhes afeto maternal. Interessante é notar a similaridade de suas vestes, a despeito da distância e de nunca terem se visto pessoalmente: como calçado um par de sandálias e como ornamento uma cruz de madeira ao peito.
Fiquemos todos em Paz, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
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