Uma palavra especial...
Palavra que possui grande força de atração. Do grego "orthos" que
significa "reta e verdadeira adoração" e "doxa" que
significa doutrina ou ensinamento.
SANTO ATANÁSIO
Enquanto se manifestou na
Igreja cristã a necessidade de proteger a verdade dos erros que apareceram (e
estes já apareceram nos tempos apostólicos), surgiu o conceito da
"confissão correta da verdade", tal como a escutamos na oração
litúrgica e que vem da Igreja antiga, sobre o episcopado, "que usa bem a
palavra da verdade" (2Tm 2,15). Esta expressão se cristalizou em uma
palavra durante os duros enfrentamentos do arianismo na Igreja. Santo Atanásio,
o Grande, dedicou quase toda a sua vida à defesa da Ortodoxia frente ao
arianismo. Santo Epifânio chama Santo Atanásio de "Pai da Ortodoxia".
Santo Isidoro de Sevilha no livro "Os Princípios" diz: "o
ortodoxo é aquele, que crê corretamente e, de acordo com esta crença, vive
corretamente". Os grandes Padres Orientais da Igreja do século VI, sempre
usam esta mesma denominação. São Gregório, o Teólogo, usa o termo
"Ortodoxia Sofredora" (Sermão 6 de Gregório o Teólogo).
Santo Atanásio, Pai da Ortodoxia |
Depois do Sexto Concílio
Ecumênico, quando surgiram discussões sobre a veneração das imagens (ícones) e,
desse modo, sobre as formas externas da veneração a Deus, o conceito de
"Ortodoxia" se ampliou a todo o ciclo de teologia cristã e ofícios
religiosos. Antes da separação das Igrejas, a "Ortodoxia", ou a
"Verdadeira Glorificação", se pensava como um caráter necessário de
verdadeiro cristianismo, tanto no Oriente como no Ocidente, isto é, todos os
que queriam seguir a Igreja de Cristo sem erros eram "ortodoxos".
Quando deu a separação da Igreja Romana da unidade da Igreja, ambos conceitos
clássicos, digamos melhor, eclesiásticos antigos: a) "Ortodoxo" e b)
"Católico-universal", se conservaram no Oriente e no Ocidente, porém
se conservaram de maneira que, um dominou aqui e o outro lá.
SÃO GREGÓRIO, O TEÓLOGO
Cada um fez seu estandarte
da Igreja: no Oriente, "Ortodoxia" é a preocupação antes de tudo de
guardar a pureza da fé; no Ocidente se usa o termo "Católico" como
"universalidade" ou o "Catolicismo" como expressão da idéia
de difusão mundial para todos. O nome da Igreja Cristã como
"Católica" ficou mais identificada nos países ocidentais
relacionando-a com a Igreja de Roma. Não obstante, nenhum ortodoxo duvida que é
verdadeiramente católico, porque no Oriente, tal como está mencionado no Credo
que rezamos em cada Divina Liturgia, se diz que nossa Igreja é
"Católica". No Oriente, porém, esta denominação conserva seu lugar na
série de outras características necessárias da Igreja: "Una, Santa,
Católica e Apostólica", que recebeu no Segundo Concilio Ecumênico, ou seja,
sem que uma destas notas tenha maior ou menor domínio sobre as demais. Somos,
portanto, membros da Igreja Cristã, Católica Apostólica Ortodoxa.
São Gregório, o Teólogo |
Falando sobre o
"ortodoxo" e o "não ortodoxo" é preciso explicar uma coisa
mais. No primeiro milênio, antes do fato lamentável da separação das igrejas,
tanto o Oriente como o Ocidente, receberam grande quantidade de
particularidades que dependiam das causas não relacionadas com a fé, senão das
condições geográficas e outras, da diferença de culturas grega e romana. A
distancia entre o Ocidente e o Oriente, separados pelo Mar Mediterrâneo,
impediam a uniformidade das formas de culto e outras facetas da vida
eclesiástica. A língua grega, que dominava o Oriente, e o latim, que se tornou
o idioma culto do Ocidente, aumentavam esta separação.
«Igreja Grega Ortodoxa da
Apresentação da Santa Mãe de Deus (Theotokos) nos EUA»
Assim apareceram, todavia,
antes da separação de Roma nas duas partes da Igreja, uns traços especiais que
não dependiam, na realidade, da conservação ou não da verdade. No segundo
milênio, na medida em que estas marcas subsistiam se tornaram características
de uma ou de outra confissão e, atualmente, com freqüência é necessário um
esforço para definir se tal ou qual particularidade do espírito do
catolicismo-romano ou ortodoxo é o resultado de causas etnográficas,
lingüísticas ou outras.
Para nós, a ortodoxia está
dada, tem seu conteúdo e forma constituídos. Porém, a religião é vida e a
ortodoxia não constitui uma acumulação de respostas feitas a todas as
perguntas. É, sobretudo, uma vivência tomada das experiências de outros que nos
precederam na fé e que nos servem de fundamento para que nós mesmos realizemos
nossas vidas segundo nossa convicção em Cristo e em sua Igreja.
Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/catequese/catecismo_da_igreja_ortodoxa1.html
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